Rádio Irani

Dos depósitos para o tatame

Roberto, auxiliar de depósito, faz das artes marciais um aprendizado de vida

Dos depósitos para o tatame

Você já olhou para o colega ao lado e tentou imaginar qual o talento dele? Será um bom cozinheiro? Ou então um ótimo cantor? Bom, são inúmeras as possibilidades. Para os colaboradores do depósito do Irani da Avenida Brasil, basta dizer que um dos auxiliares é um lutador.

 

Há pelo menos 10 anos, Roberto Carlos Pereira da Silva resolveu dar chance a um sonho: aprender artes marciais. "Quando eu tinha 16 ou 17 anos fui em uma academia que ensinava Kung Fu. Fiz uma aula experimental mas, por questões financeiras, eu não pude dar continuidade. E, no final de 2012, quando eu estava saindo do quartel, onde ganhei uma base mais sólida, eu voltei para a academia e dei continuidade no meu treinamento", conta Roberto.

 

Com o passar dos anos, o auxiliar de depósito alcançou graduações, conquistou técnicas e também ganhou responsabilidades. Mas, além de cada passo dado dentro das artes marciais, Roberto também passou a conhecer mais de si mesmo. "Com a luta você conhece mais de si, conhece os seus limites, aprende a ser perseverante diante aos desafios".

 

E esse processo foi essencial para Roberto. Foi nisso que ele se apoiou quando, em 2018, sofreu um acidente de motocicleta. "Passei a ter várias limitações físicas e elas pesam um pouco na academia. São nessas dificuldades em que eu tenho que ter um pouco mais de perseverança, um pouco mais de paciência. Mostrar que não importa a condição física, a condição mental, emocional, se você se dedicar, se você perseverar, você consegue passar pelos obstáculos".

 

Pensando em formar e inspirar mais jovens nesse caminho, Roberto aceitou o convite para ingressar no curso de instrução. "Assim, eu posso ser um espelho para os mais novos, para quem está chegando na academia. Posso mostrar qual o comportamento certo para crescer dentro das artes marciais e também como pessoa".

 

Mais que realizar um sonho, desenvolver um talento e aprender a ultrapassar obstáculos, Roberto afirma que a luta o presenteou com uma nova versão de si mesmo. "A academia me trouxe um Roberto mais pacífico, um Roberto um pouco mais inteligente, menos impulsivo, me trouxe esse autocontrole que todos nós precisamos ter e todo desafio que tenho dentro do tatame, consigo aplicar fora, na vida real".